Foi no táxi, porque foi no táxi que tive dez minutos de tempo, o livro era pequeno, cabia num cantinho da pasta e o capítulo menor ainda, legível na duração da corrida. Era o Borges, o Jorge Luís, com quem fiz as pazes e que leio agora, descobrindo-o - eu analfabeto confesso, arrependido da incultura, agora na meia-idade, que é a idade do saber - filósofo profundo, escritor sensível, irónico observador. Numa breve reflexão sobre o tempo circular, lança a ideia delirante de um conto, que talvez nem tenha chegado sequer a escrever, de um teólogo que persegue o herético, denuncia-o e fá-lo queimar nas fogueiras inquisitoriais para descobrir, num espanto tardio e já inútil, que para Deus omnisciente, Nosso Senhor, o herege e ele eram, afinal, uma única e só pessoa. É assim que se compreende o sublime da vida: cada coisa precede-se a si própria, mas só no infinito do eterno o múltiplo se funde no um, para se expandir no vário, renascendo no exacto momento de morrer.
Dia do Corpo de Deus, isto é, da celebração do mistério da Eucaristia, como
presença divina. Uma gravura portuguesa bela e bem estimulante...
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Dia do Corpo de Deus, isto é, da celebração dos mistérios
pluridimensionais da Eucaristia, como presença espiritual e divina, a que
podemos aceder seja...
Há 1 dia