Sabem os que sabem que a «Menina e Moça» do Bernardim Ribeiro é um livro carregado de sentidos ocultos e que se presta a hermenêuticas esotéricas. E sabem muitos, sobretudo os que como eu aprendiam Literatura no liceu com gosto, ou à força de chapadas, ou num misto de tudo, que ele começa com «Menina e Moça me levaram de casa de meu pai para longes terras». Agora o que nem todos sabem é o resto: «Qual fosse então a causa daquela minha levada - era pequena - não na soube. Agora não lhe ponho outra, senão que já então parece havia de ser o que depois fui». Haverá melhor forma ou outro meio de, numa frase só, dizer de todo o fatal sentimento deste povo predestinado e do seu fado ignorante? Talvez haja e vem no livro, ainda no seu prefácio: «O livro há-se ser o que vai escrito nele. Das tristezas não se pode contar nada ordenadamente, porque desordenadamente acontecem elas». Eis-nos pois, em desordem, pela vida levados, por causa que não na sabemos, com uma tristeza que nem podemos contar.
Imagens de arte sacra da abadia de Santa Maria de Bouro, Amares, aquando do
I Congresso Internacional de Espiritualidade e Mística. Abril 2024.
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A abadia de Santa Maria de Bouro, dos primórdios da nacionalidade e que
pertenceu à Ordem de Cistér, no concelho de Amares, encontra-se, sobretudo
a igr...
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