Impossível não falar sobre o preço dos livros que são editados pela Imprensa Nacional/Casa da Moeda. Sendo uma editora do Estado, cabendo ao Estado a divulgação da cultura, há, porém, preços a rondar o escândalo.
Ontem perguntei aqui no Porto pelo último volume das Obras Completas de Leonardo Coimbra. Trouxeram-me o sexto volume, editado em 2010. Disse que não poderia ser, porque eu tinha sido convidado para o lançamento há muito pouco tempo pela própria livraria da Imprensa Nacional. Procuraram no computador. De facto era aquele. Tinha sido um evento agora em torno de um livro de ontem. Pasmo.
Hesitei. Tenho daquele filósofo, Mestre da depois extinta Faculdade de Letras no Porto quase tudo, em dispersas edições. E desta edição já alguns tomos, não me lembrava se este. Afinal falava-se de uma obra saída há dois anos. Prometi que iria ver. Mas espreitei o preço! Quarenta euros, quarenta!
Na véspera tomara o comboio para aqui na gare de Oriente, em Lisboa, onde há uma feira permanente de livros. Comprei alguns, de autores portugueses, ensaios universitários, de cultura, filosofia, literatura. A um euro, um euro e meio, dois euros. Precisamente a esse miserável preço. Da editora Colibri. Ficaram lá dezenas de outros títulos, em saldos.
Vergonha, a especulação e o saldo, o rebaixamento.
Para que doa mais a quem nada dói, fica aqui uma ligação a uma sua obra, sobre Camões e a fisionomia espiritual da Pátria, digitalizada, gratuita, publicada por uma universidade...norte-americana. Mais vergonha ainda, a quem a tiver.