23.7.22

A viagem pela maravilha

 


Uma viagem no terreno começa pela que outros fizeram: o roteiro dos lugares, o caminho da cultura, as veredas dos símbolos. 

Da Galiza mágica a descobrir a maravilha. Partida, amanhã.

17.7.22

António Quadros: 99 anos

 


Teve ontem lugar na Fundação António Quadros uma interessante tertúlia, comemorativa dos 99 anos de António Quadros. 

Generosa, discreta, entregando-se aos outros, como o tem feito com esta notável obra, Mafalda Ferro foi a amável anfitriã,

A sessão abriu com a leitura de um texto de Ana Maria Moog e um outro de Marília Teles da Silva e um depoimento videogravado de Guilherme de Oliveira Martins.

Moderado pro Renato Epifânio, o evento contou com intervenções Joaquim Domingues, António Cândido Franco, Pedro Martins, José Almeida e Joaquim Pinto da Silva.

O teor das intervenções e do, por vezes animado, debate, foi gravado e será editado pela Nova Águia.

Joaquim Domingues àconversa com André Pacheco

 

Uma conversa, dois mundos, um passeio por uma vida. A Tradição é transmissão. Aconteceu aqui. A singeleza do verbo, a complexidade do que o mesmo ensina.

9.7.22

António Quadros: 99 anos depois

 


Tempo tórrido no exterior, calor humano no interior da Biblioteca Municipal de Rio Maior. O espírito agregador e amoroso de Mafalda Ferro deu o sinal de partida à exposição com a qual homenageou ontem o 99º aniversário do nascimento de seu pai, António Quadros.

O evento teve lugar na Fundação [ver aqui]. No próximo dia 16 terá lugar, pelas 16:00 um encontro em que intervirão António Braz Teixeira, António Cândido Franco, Joaquim Domingues, Joaquim Pinto da Silva, José Almeida, Paulo Samuel, Pedro Martins, Renato Epifânio, o qual também moderará a sessão.

A exposição recolhe momentos que permitem um primeiro encontro com a tão vasta obra do autor de Portugal, Razão e Mistério, esse compêndio sistematizador do pensamento que arranca de Leonardo Coimbra e segue com Álvaro Ribeiro e ainda hoje prodigaliza os seus frutos. Entre os espécimes escolhidos, ali estava o jornal 57. Quem quiser ler onze números encontra-os aqui, na Hemeroteca Digital.

Na conversa informal que se seguiu, em liberdade amiga de sentir, surgiu o inevitável tema: o que ficará para as gerações futuras e com essas gerações? Daí para se passar ao crucial tema do ensino e da formação cultural foi um passo. 

Meteorologicamente estavam 42º na estrada, a antevisão do Inferno. Que importa isso, afinal, quando se procuram as estrelas no Céu?


4.7.21

António Telmo: contos, crónicas e teatro

 


Tenho de ser honesto e dizer que o livro é desigual, como sucede com todos quantos tentam compendiar a obra integral de quem seja - e este é o volume quinto, como todos publicados pela Zéfiro - e, por isso, os adjectivos de apreço não podem ser generalizados, sendo justos, porém, em relação ao essencial que no volume se publica.

Para além disso, o título, na parte em que refere "contos" não tem correspondência com o que são crónicas  e esboços teatrais que nele também se compilam e naquilo em que convoca o vocábulo "secreto" tem fundamento na vertente esotérica e cabalísticas do pensamento filosófico do seu autor mas não confere com alguns dos textos, em que, salvo ignorância minha ou desatenção, a interpretação não tem de ser decifrada.

Trata-se, sim, do tema que dá mote a um dos capítulos do livro, o inicial, onde ficam treze contos, a que se juntam [páginas 151 e seguintes] outros contos e escritos afins.

Posto isto, a sua leitura tem proporcionado bons momentos e, sobretudo, intervalos de reflexão. 

Tenho lido de modo errático, um pouco ao sabor do que os títulos prometem e do que é a disposição emocional do momento. Falta-me o teatro, os esboços de peças "A Goga" e "A Venda dos Painéis", este último, como refere Miguel Real na sua apresentação ao livro «texto duplamente iniciado e sempre inconcluso». 

António Telmo criou a personagem Tomé Natanael, anagrama do seu próprio nome e deu-lhe tal verosimilhança que se tornou necessário explicar que o antiquário de Estremoz, que ele figurava, não existia salvo na sua escrita.

E foi ele que configurou um dos seus livros,  "O Bateleur", o primeiro arcano das cartas do Tarot de Marselha, o representativo da letra Aleph, símbolo da magia.

Para o conhecimento do pensamento de António Telmo, naquilo em que resultou do primeiro impulso de Álvaro Ribeiro - o dilecto discípulo de Leonardo Coimbra - e de José Marinho - o leitor terá de fazer o caminho complexo dos seus livros, como, por exemplo, a "História Secreta de Portugal" ou, pela linguística a "Gramática Secreta da Língua Portuguesa", e não ficar por aí.

O esforço de lhe restituir visibilidade, em que se distingue pelo amoroso empenho, Pedro Martins e quantos animam o projecto tenta vencer o anátema que António Cândido Franco havia constatado em 1999 em artigo publicado no JL: «Hoje com mais de setenta, o autor passa por ser um caprichoso esotérico, quando não um perdulário que desperdiça em charadas e horóscopos a inteligência que Deus generosamente lhe confiou [...]» [para mais, ver aqui].

Tive, em tempo, quando fui editor, a oportunidade de publicar o seu epistolário com António Quadros, amplamente comentado e guia também, por isso, útil para conhecimento da parte em que a Filosofia Portuguesa os irmana.

Vou prosseguir com os contos. Acompanho Pedro Sinde, no que publicou nos "Teoremas de Filosofia", esses doze fascículos que consegui reunir: «O conto é, tantas vezes, a melhor forma de transmitir doutrina, porque aí os conceitos são obrigados a sair do mundo noético do espírito quase puro para incarnarem, como o Verbo exemplar, e ganharem vida terrena».

26.6.21

Leonardo Coimbra: RTP-Arquivos

 

Datado de 1984, está aqui um programa da RTP [rádio] sobre Leonardo Coimbra, da autoria de Adriana Veríssimo Serrão.

14.8.20

Delfim Santos: encontro em viagem

 

Como se nota pela datas, este espaço tem estado completamente ao abandono e com isso uma angústia existencial que só não é maior porque o nosso psiquismo defende-nos da culpa inventando razões exculpatórias, uma delas a incapacidade de achar tempo para o que se quer.

Talvez por isso uns dias de brevíssimas férias, e ter achado nelas uma inesperada biblioteca, hajam propiciado o encontro com um pequeno livro e nele uma frase que Jorge Tavares Rodrigues levou a um encontro comemorativo do octagésimo aniversário do nascimento do Professor Delfim Santos, tirada de uma cigarreira de prata que se conservará no seu Museu: «Pode-se aquilo que se quer ... quando se sabe querer aquilo que se pode».

Surgiu aqui nesta tarde de sexta feira a iniciação da sua obra, que a Fundação Gulbenkian editou, e de que guardo os tomos, sem os ter alguma vez aberto, recentemente chegados de viagem, conjuntamente com a biblioteca de filosofia portuguesa que mão amiga guardou durante largos meses por terras de Basto, à espera que eu pudesse voltar a receber.

Tudo isto, trazido pela mão de itinerários, parecerá insólito, mas não é pretexto, antes cruzamento de circunstâncias que, unidas por uma substância compreensiva, ganham sentido e são, por isso, verdades ocultas.

A biblioteca onde me cruzei com o opúsculo de que aqui deixo a capa, esteve em Paris, a da Fundação, e jaz hoje na estância onde tento descansar, ela à espera de leitores, o meu coração angustiado de que não a achem predadores. A biblioteca a que chamo minha apenas pela razão menor de ter sido eu a comprar os livros, essa seguiu o Herodes para Pilatos as vicissitudes de um certo momento da minha vida e regressou há dias a casa, à espera de ser reorganizada e completada nas formidáveis lacunas que seguramente tem.

Enfim, irei visitar o Museu Delfiniano, assim regresse. Foi um filósofo sem cátedra na filosofia, que a Pedagogia acolheu, sem que a Filosofia acolheu.

[este texto esteve escrito e por publicar durante uns meses; ao aperceber-me disso, trouxe-o aqui]


21.3.18

Viva, sempre viva!

Fui juntando quantos livros seus conseguia e faltam tantos. Soube agora, casualmente, pela Capela Arraina, que lhe foi conferido o título académico de doutor honoris causa. Para mim Jesué Pinharanda Gomes, homem de Quadrazais, já o era.
Com pudor confesso que o seu magistério moral, feito de sabedoria discreta, me marcou profundamente. E os seus livros que não tenho e as dezenas entre centenas que, alinhados numa estante, me acompanharam, de uma cidade a outra e de regresso à primeira, mesmo os não lidos ou nem folheados são, na minha sofrida consciência, uma dor íntima, prova da minha ausência ao horto do seu convívio.
No plano das ideias, esse território da razão aparente, tanto nos separa, ele ungido pela graça da Fé; na comunhão das almas, porém, o encontro fugaz com a sua pessoa mas perene com o seu ser, une e regenera a minha imperfeita existência.
Foi através de si que me aproximei da filosofia portuguesa. Numa entrevista que lhe fiz [e que lembrei aqui neste meu blog] perguntei-lhe porque tinha escrito sobre a Teologia de Leonardo Coimbra, uma das suas obras impressas pela Guimarães. Cândida ignorância me levou à pergunta; teve a gentileza de mansamente responder sem repreender.
Quantas pompas académicas me deixam indiferente, não esta. Por baixo dos trajes talares,  miúdo de corpo, imenso de espírito há uma criatura que eu conheço. E fico com isso feliz. Viva, pois, sempre viva!

20.3.16

Epistolário António Quadros/António Telmo:apresentação em Sesimbra


Apresentado em Sesimbra por Abel de Lacerda Botelho na Biblioteca Municipal do Epistolário trocado entre António Quadros e António Ferro.

Epistolário António Quadros/António Telmo: apresentação no Porto


Apresentado no Porto por Paulo Samuel nas instalações que a editora Labirinto de Letras assim inaugurou naquela cidade, na Rua de Cedofeita.

9.1.16

Epistolário António Quadros/António Telmo: apresentação em Lisboa



Apresentado em Lisboa por Miguel Real no Centro Nacional de Cultura, sob a presidente de Guilherme d' Oliveira Martins. Na mesa, o editor José António Barreiros, Mafalda Ferro, da Fundação António Quadros, Guilherme d'Oliveira Martins, João Ferreira, eminente vulto da filosofia portuguesa, Miguel Real e Pedro Martins, do Projecto António Telmo.Vida e Obra.


O livro, editado em parceria pela Labirinto de Letras, Editores e pela Fundação António Quadros, pode ser adquirido em breve no mercado livreiro ou através destas duas entidades.

2.12.15

António Quadros/António Telmo: missão cumprida!


Tinhamo-lo anunciado em Maio [ver aqui] como sendo uma publicação para ser honrada no segundo semestre de 2015, pela Labirinto de Letras, Editores, a que dei vida. Cumprimo-lo. A obra está nos prelos. Será apresentada no Centro Nacional de Cultura ainda este mês de Dezembro.

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Do prefácio de António Carlos Carvalho, respigo este excerto: 

«A Amizade é a primeira das virtudes, segundo Aristóteles. Eis um princípio difícil de entender num tempo como o nosso, em que as amizades se conquistam nas redes sociais e em que os supostos amigos se quantificam como quais outras coisas adquiridas. 
Na verdade, a Amizade, quando é verdadeira e não um mero jogo de faz-de-conta, é tão incompreensível e difícil de definir como o Amor – ou não fosse ela própria uma forma de Amor e, por vezes, mais duradoura do que a relação amorosa. Aparentemente, a Amizade tem a ver com a eleição – escolhemos alguém como nosso amigo. Mas será realmente assim? Ou estaremos perante mais um dos muitos mistérios da existência? A Amizade pura e simplesmente surge, acontece, cresce e amadurece enquanto fruto de estranhas afinidades que sentimos mas não compreendemos. Como se algures, num qualquer livro da vida, estivesse já escrito que duas almas se iriam aproximar um dia e criar laços ocultos mas bem reais que resistem ao tempo, à distância e às adversidades. Tal como, biblicamente, nos é contado no caso de David e Jónatas.
O livro que temos nas mãos é um magnífico testemunho dessa tal amizade virtuosa, das profundas afinidades existentes entre dois seres – António Quadros e António Telmo. Um livro curiosamente semelhante ao volume da correspondência trocada por Gershom Scholem e Walter Benjamin entre 1933 e 1940 e que Scholem comentou de modo admirável em Walter Benjamin – história de uma amizade.»


Fruto de uma parceria com a Fundação António Quadros, Edições, com a cooperação do Projecto António Telmo.Vida e Obra, o livro, que extensamente anota a correspondência que compila, regista estudos de Pedro Martins, Rui Lopo, um posfácio de João Ferreira, bem como biografias dos correspondentes.

30.5.15

Viajando não tanto mas quanto


É bom viajar com quem vê com a totalidade do Ser, e, mesmo que em breve excursão, se não vai muito longe vai sempre muito fundo na alma da paisagem que vê.
Publicado em 1969, reunindo crónicas que editara no Diário Popular, após uma viagem feita à Rússia e à Polónia em Julho de 1968, o livro, que me trouxe a memória o de Leonardo Coimbra, lembra e situa o interesse português pela cultura russa e por isso escreve: «este interesse não é ocasional e não é filho de mero literatismo culturalista. Quem tenha meditado nas conotações entre a misticidade russa e a espiritualidade portuguesa, entre o messianismo eslavo e o sebstianismo português, compreenderá o interesse necessário daqueles filósofos».
E, mau grado ter visitado um país de Igreja sufocada, constata: «Na Europa, só há dois casos idênticos, de preponderância histórica dos cultos complementarizados do Espírito Santo e da Virgem Maria: a Rússia Ocidental e o Portugal Católico. Note-se que, em ambos os países se desenvolveu intensamente o culto mariano (...)».
Viajando em sua companhia através das páginas do que leio, surpreende-me este outro instante de reflexão, como se, numa esquina da cidade que foi São Petersburgo, Petrogrado e Leninegrado, parássemos um instante a conversar,ele contrapondo uma referência de Álvaro Ribeiro, no seu estudo Os Positivistas à sua própria observação: «A revolução antimonárquica portuguesa escolhe como conteúdo um republicanismo de forte influência francesa, em que o socialismo alguns anos antes vigente na doutrinação de Antero de Quental e Oliveira Martins é substituído pelo positivismo, adaptado de Augusto Compte, por Teófilo Braga e os seus partidários. A revolução antimonárquica russa escolhe ao contrário, como conteúdo, por intermédio das opções de Lenine e do seu partido bolchevique, a influência cultural do vizinho alemão, caldeando em expressão pragmática impositiva o pensamento dos germânicos Hegel, Nietzsche, Marx, Feuerbach, Engels».

14.5.15

Correspondência António Quadros/António Telmo


No segundo semestre de 2015, as editoras “Fundação António Quadros” e “Labirinto de Letras” coeditarão o livro António Quadros e António Telmo – Epistolário e Estudos Complementares, iniciativa que conta com o apoio institucional e científico do Projecto António Telmo. Vida e Obra. 
A obra, prefaciada por António Carlos Carvalho e com um comentário posfacial de João Ferreira, reúne trinta e duas cartas trocadas entre os filósofos no período compreendido entre 1959 e 1991. Sob a coordenação de Mafalda Ferro, Pedro Martins e Rui Lopo, a obra que inclui notas dos coordenadores e, também de João Ferreira, reúne escritos de António Quadros sobre António Telmo e deste sobre o condiscípulo, integrando também material iconográfico e depoimentos de autores que de perto conviveram com os dois pensadores.
As cartas dirigidas a António Quadros estão preservadas no arquivo da Fundação António Quadros e, as dirigidas a António Telmo, no arquivo de António Telmo, propriedade da sua mulher Maria Antónia Vitorino que gentilmente autorizou a sua publicação. À família de António Telmo,  bem como À Fundação António Quadros, expressamos, pois, a nossa gratidão.

1.3.15

Álvaro e Régio: filosofia e poesia


Li a correspondência entre Álvaro [de Carvalho de Sousa] Ribeiro [ver a biografia aqui]e "José Régio" [José Maria dos Reis Pereira]. E no que nela aquele assinala, a 9 de Fevereiro de 1957, de desencanto pela pouca recepção da luta que travava pela afirmação da identidade de uma filosofia portuguesa; e de desistência de rumo para outras paragens do pensamento. Afinal, tratar-se de uma filosofia que triunfaria como ser autónomo, mau grado a diatribe de quantos em detrimento dela.
Mas o que ali há que mais impressiona é a segurança do filósofo relativamente à proximidade do poeta com essa sua filosofia, que o levou, mau grado as suas confessadas «opiniões irritantes e arbitrárias» a escrever A Literatura de José Régio, livro editado pela Sociedade de Expansão Cultural, uma aventura editorial do advogado Domingos Monteiro, escritor, que viria a ser responsável pelas Bibliotecas Itinerantes da Fundação Calouste Gulbenkian [sumária biografia, aqui e aqui], publicado no ano da morte daquele sobre quem escreveu mas só distribuído depois do falecimento. 

No ano antecedente ao da publicação «doente, desinteressado do mundo exterior, sem energias para despender em cansativas diligências», anunciara o surgimento da obra. "Régio" sentia por igual que o fim se aproximava quanto ao que lhe fora dado viver: «apesar de geralmente me atribuírem saúde, também eu, meu Amigo, sei que a Morte pode não tardar muito a chegar», escrevera a 4 de Julho de 1968. Restar-lhe-ia pouco mais de um ano.
Culminava assim uma admiração que a a 19 de Janeiro de 1947 lhe tributara, anos volvidos sobre uma relação epistolar que a que a Imprensa Nacional-Casa da Moeda deu vida, publicando-a em Julho de 2008, com notas e introdução de Joaquim Domingues, companhia na tarde de hoje.

1.7.14

A História, do universal ao particular


Concebeu-o como uma biografia imaginária, uma «memória dos outros», escrita por um autor fictício em que se descobre a sua pessoa, a inquietação permanente do seu ser. Atribuiu ao livro toda a possível verosimilhança, de tal modo que o leitor num primeiro instante se interroga se Luiz Cotter, suposto biografado enquanto autor do Esplendor e Decadência da Casa de Áustria, teria de facto existido. Eis o magnífico Sob a Cinza do Tédio, o «romance de uma consciência».
Decidi-me a lê-lo hoje, num intervalo que a mim ofereci, cansado de há que tempos nada ler de livre escolha.
E vim aqui precisamente ao chegar a página 28, passados tantos momentos dignos de serem aqui citados, para trazer aquele instante em que o imaginário personagem atinge a percepção da «absoluta impossibilidade de se formularem leis históricas. A História estudava sucessões e não repetições, era uma ciência do particular e não do geral, procurava o mais típico, o mais individualizadamente dramático da vida colectiva».
Li e revi-me precisamente na profundidade do que dali decorre e quanto se fica isolado ao pensar assim, que «a História não carece do universal, com ser uma ciência do particular». Todo um exército de  doutrinadores e censores se nos opõem, armados até aos dentes com as armas da ideologia e da História fazendo a legitimação das suas doutrinas.