Regressei, apressado, porque sabia que ia chegar atrasado.. Mas ele esperava-me. Há uma semana disse-lhe que ali estaria, na Boa-Hora, segunda-feira, todo o dia. Anotara e não se esquecera, nem do dia nem do que me prometera: alguns livros do falecido advogado Luiz Pedro Moitinho de Almeida, a cuja memória dedica desvelo fraternal. Eu acredito no destino que nos tece a cadeia da união que nos enlaça. Hoje à noite, já exaurido, peguei num deles. É uma conferência proferida em 3 de Abril de 1954, precisamente em Setúbal. Moitinho de Almeida que eu vi, vivo, pela última vez, a advogar, também no Tribunal em Setúbal, conheceu Fernando Pessoa, empregado de um escritório de seu pai. A conferência dedicou-a à biografia do poeta. É um texto eivado de carinho. Remata-a uma carta de Pessoa sobre uma tentativa do então jovem Moitinho editar uns versos em francês. O autor da «Tabacaria» sugeria que os suprimisse: «tirando o tirado o seu livro ficará interessante», disse. Pensei nisso: «tirando o tirado», sobrava-me a alegria de viver, o remanescente que ainda vale a pena.
7 de Maio, Lançamento novo Livro MIL "A Escrita do Sudoeste ou Cónia: uma
Escrita Pré-Romana a Sul da Lusitânia", de Rui Martins...
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- "A Escrita do Sudoeste ou Cónia: uma Escrita Pré-Romana a Sul da
Lusitânia", Lisboa, MIL/ DG Edições, 2024, 296 pp.
ISBN: 978-989-35619-1-1
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