Nenhum homem é homem sem a alma a animar-lhe o corpo, como fogo que seja a causa do fumo. Nenhuma alma sobrevive sem alimento, nenhum outro alimento nutre e fortalece salvo o da filosofia. Nenhum homem é vivo sem ser da Natureza uma parte, nenhum ser existe fora da sua Pátria, nenhuma alma filosófica me preexiste que não possa ser a da filosofia da terra portuguesa. Foi por ela que cheguei aqui, folheando em arroubos Leonardo Coimbra, tacteando, pedagógico, Álvaro Ribeiro, dispersando-me por Pinharanda Gomes e sistematizando-me em António Quadros. Depois foram todos os outros, coleccionando angústias com o Fidelino Figueiredo, passeando, incerto, com o Agostinho da Silva e tantos e tantos mais: Orlando Vitorino, José Marinho, Fernando Pessoa... Não quero mencionar mais nomes porque não quero esquecer-me de nenhum nome, nem quero que se note que me falta conhecer tantos nomes.
Esta manhã reencontrei a Nova Águia e dei conta que há vários números que a perdi. E a partir dela fui a esta obra de amorosa dedicação, uma bibliografia para quem quiser iniciar-se e complementar-se. E senti, como um pulsar cardíaco, vontade de seguir em frente pela longa caminhada, retomando estrada.
Acordei, pois, de uma longa sonolência, a força da luz a iluminar-me a existência.