12.12.10

Um Deus risonho

Hoje o Senhor Deus veio ao meu encontro na forma de «A rosa é sem porquê». Porque esgotada a cega confiança no determinismo e sua causal consequência, em nome do qual nascem todos os deveres para que resultem, certos e seguros, todos os benefícios, perdida, errática, a crença ante o probabilismo e sua possível decorrência, por causa do qual se joga em todas as roletas para se obterem todas possíveis as fortunas e mesmo as quase inatingíveis, ficou-me, como resíduo de esperança e território de fé a terra de ninguém das convicções que a Terra oferece e o Céu promete.
Li-o, então, ignorante que não tinha reparado nele. José Tolentino Mendonça trouxe-me pelo riso, a oportunidade do divino. No mundo dos deuses, o Seu, brinca, o pulo para o infinito afinal um saltar à corda, como a eterna criança que jamais fosse Aquele que os homens pregariam na cruz, do Pai esquecido e sem Mãe que o consolasse.
O livro chama-se «O Hipopótamo de Deus», o diálogo com Job, a teologia no fio da navalha, o Todo Poderoso nivelado ao Diabo, iguais no divertimento, como jogando ambos, perversos, aos dados, sobre a espoliada criatura e sua alma que à danação fora condenada e à sua estrumeira.