A tragédia do homem nasce com as gramáticas para quem o verbo ser equivale ao verbo existir e tudo ao verbo estar. Aí, nada do que não é há. E no entanto, caminham a nosso lado os que foram e já não estão, fazem-nos companhia as ilusões do que ainda virá a estar, podendo existir mas ainda não é. Um dia, numa madrugada de agonia por este confinamento da existência ao que está, um homem, armado de ser até aos dentes, atacará à bomba toda a lógica, a tiro tudo quanto é gramática. Nesse dia profundamente libertador, as forças da ordem, as que garantem que mais não haja do que o que está, sairão para a rua. Uma carnificina feroz mutilará de vez o homem revoltado. Quando o sol raiar, já nada há para quem foi. Morto o mundo do ser, surgirá então, pegajoso e regulador, o mundo do ter e as suas servidões. Um homem, dos muito poucos que sobreviverão, encanter-se-à por uma mulher. Dir-lhe-à és minha, terão um filho e a isso chamarão amor.
(des) Velamentos de Pedro e Inês. Algumas imagens da exposição no Museu do
Vinho de Alcobaça. E com o texto do meu contributo.
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Cartaz da exposição de curadoria do Alberto Guerreiro, com uma das notáveis
fotografias de Jorge Prata. Seguem-se dois dos trabalhos da Maria De Fátima
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Há 1 dia