19.8.05

O soma e segue

Há na ideia da geometria a mesma malignidade que na matemática de que ela é a expressão espacial: sempre a ambição do medir e do contar, o imperativo das contas e dos resultados. O reino da quantidade é a servidão do homem, a aritmética o seu pecado original. Quando pela primeira vez o humano descobriu as equações, esfrangalhou-se na ânsia de encontrar igualdades. Esquecida a magnífica diversidade, a beleza do único, o milagre do excepcional, tudos coisas que com a Natureza se aprendem, o homem julgou ter encontrado uma ciência. Hoje, acorda ao som de despertador, corre vergado a horários, subtrai-se ao ritmo dos extractos bancários, multiplica-se no que compra, diminui-se no que não tem. A sua tragédia é a prova dos nove, noves fora, nada! No mais, é um animal algébrico e tristonho.