Não é tecnicamente um filósofo, mas é essencialmente um português. E a filosofia portuguesa é um modo português de pensar. Que nasce pela nostalgia do lugar, prossegue pela intranquilidade viandante e culmina pela dúvida quanto à essência de si.
Eis aqui a saudade perpétua do rincão natal, ela a Nação argonauta que transpõe o oceano e a toda a enseada chama Pátria, errante pela aurora de uma sacralidade sem religião, devotada fé no entardecer da vida.
António Alçada Baptista é isso. Imperfeitamente católico porque angustiado de Deus, ansioso da perfeição na condição terrena do homem carnal. Leio-o, regressado a casa: «Eu sou da burguesia da província onde nasci em pleno reino do ter. Agora estamos no reino do fazer, mas tenho uma certa esperança de que um dia se alcance o reino do ser.»
E sinto-o, revisitando-me, como se a um familiar ignoto que me fosse dado a conhecer